Pensei partilhar consigo a minha aprendizagem de vida durante os meus dez meses de período sabático, bem como os impactos incríveis que tiveram em mim, para que possa de algum modo ajudá-lo(a), caso decida ou esteja a pensar em fazer algo similar.

Depois de vinte anos a trabalhar em multinacionais, ocupando nos últimos dez, um cargo de direção de marketing de Portugal e Espanha e dedicando orgulhosamente a grande maioria do tempo à carreira e com muita paixão, chegou um dia em que olhei para mim e me perguntei: É só isto que queres para a tua vida?

Sou muito grata às empresas onde trabalhei, e na quais aprendi e cresci muito como profissional e mulher, mas agora a questão era comigo mesma.

Tinha chegado o momento em que deveria começar a focar-me mais em mim.       

Poder abrir a caixa de pandora onde o desconhecido é um mundo em aberto e onde tudo pode acontecer, se nos permitirmos a tal, passou a ser uma opção muito pensada.    

Assim, decidi partir numa aventura para algo que nunca tinha feito desde os dezanove anos, altura em que comecei a trabalhar: Tirar um período sabático e simplesmente ser.

Entre momentos bons e menos bons, fiz grandes aprendizagens e como sempre disse, nem estamos sempre em cima e nem estamos sempre em baixo. Basta sabermos olhar para os diversos momentos e tirar o melhor partido e aprendizagens dos mesmos.

Cuidar da mente, do corpo e da alma passaram a ser objetivos prioritários, tendo para tal que fazer grandes alterações das rotinas habituais.

Decidi no entanto aqui, resumir-lhe também em dez ações, os impactos incríveis que estes dez meses de período sabático me trouxeram, como profissional, como mãe e principalmente como mulher:

1 – Mudei as minhas rotinas diárias e passei a cuidar da minha saúde de forma efetiva: A atividade física voltou a fazer parte do meu calendário. A atividade é diversificada e cada dia poderei fazer uma ou mais atividades, desde que cumpra uma delas: Caminhadas junto da natureza, yoga, danças e ritmos, postura e movimentos e ou meditação mindfulness.

2 – Aprendi a dizer mais vezes a palavra Não. A minha vida é demasiado valiosa, para desperdiçá-la em atividades que não me acrescentam valor ou com pessoas tóxicas. É verdade que aprendemos sempre, mas agora permito-me ser eu a fazer essa seleção de uma forma mais rigorosa sem ter receio de utilizar a palavra Não.

3 – Viajei e continuo a viajar dentro e fora de Portugal. A viagem que fiz ao Nepal em Março marcou muito este período sabático. Nunca esquecerei a mágica selva de Chitwan e todas as experiência aí partilhadas com um grupo fantástico. Mas uma das maiores viagens que tenho feito, tem sido a viagem interna de autodescobrir partes e sentimentos em  mim que tinham ficado adormecidos e que agora rejuvenesceram ou até nasceram.

4 – Aprendi a olhar para os momentos de tristeza como uma aprendizagem. Houve um mês, em que praticamente todos os dias, durante um período do dia, chorei. Precisava libertar mágoas que tinha dentro de mim e foi absolutamente libertador. Permiti-me ter esse momento só meu, sem qualquer restrição, nem julgamento.

5 – Voltei a apostar no networking, algo que não me tinha permitido consolidar nos últimos tempos, pela clara gestão errada, que fazia do meu tempo.

6 – Consegui voltar a ser uma mãe mais atenta e mais próxima. Sou mãe de um adolescente e apesar de a proximidade ter de ser o quanto baste nesta idade, acredite que faz toda a diferença. Estamos ainda mais cúmplices um do outro. Reaproximei-me também da minha enteada e sinto-me muito feliz com isso.  Dedico mais tempo aos restantes membros da família e sabe-me pela vida.

7 – Consolidei velhas amizades e fiz novas amizades permitindo-me voltar a ter mais vida social. É muito bom percebermos que aqueles amigos para os quais nunca tínhamos tempo para estar, ainda estão lá para nós e nós para eles. As novas amizades que fiz, parecem de uma vida.

8 – Cozinho mais. É verdade que continua a ser uma atividade com a qual não me identifico muito, mas mesmo assim estou a investir nela, optando também por fazer uma alimentação mais saudável.

9 – Apostei fortemente na minha formação, pois adoro aprender. Fiz diversas formações a nível nacional e internacional. Estudei, li e aprendi mais nestes dez meses, do que nos últimos tempos anteriores.

10 – E o que começou por ser uma decisão inicial de tirar um período sabático de um a dois anos, transformou-se entretanto no desejo e ação de criar algo novo a nível profissional. Decidi fundar a Talk&Shine, uma academia de comunicação, especializada em Formação, Consultoria e Mentoria em Public Speaking. Vou ajudar pessoas e equipas, a superarem o medo de falar em público e ganharem mais confiança. As áreas de desenvolvimento pessoal, terão também um fator predominante. Todos podemos brilhar, basta fazermos por isso.

Sim, sinto-me uma nova pessoa, com tudo o que isso possa trazer de negativo e positivo. Esta aprendizagem, acredito, que me trará frutos para o resto da vida e uma forma diferente de definir as minhas prioridades.

Quem me vê com mais frequência e quem também me reencontra esporadicamente, diz que ganhei um novo brilho no olhar. O sorriso continua a fazer parte da minha imagem de marca.

No final destes dez meses só posso agradecer e dizer que o resultado é extremamente positivo a vários níveis. Com estas aprendizagens, sinto-me ainda mais preparada para enfrentar os novos desafios da vida, com o positivismo que me carateriza desde sempre. Muito mais estará para vir.

Já pensou fazer um período sabático?

Se já o fez, partilhe também aqui as suas experiências e aprendizagens.